domingo, 29 de janeiro de 2012

Mahashivaratri



Siva Ratri
Swami Sivananda


1. Introdução

Este dia cai por volta do 13º ou 14º dia da metade da
lua nova, de Phalgun (Fevereiro-Março). O nome significa
“A noite de Shiva”. A cerimônia tem lugar à
noite. Este é um festival observado em honra ao Senhor
Shiva. Shiva casou-e com Parvati neste dia.
As pessoas observam estrito jejum neste dia. Alguns
devotos nem mesmo bebem uma gota d´água sequer.
Eles mantêm a vigília durante a noite. O Shiva Lingam
é adorado durante a noite, lavando-O a cada três horas
com leite, coalhada, mel, água de rosas, etc., enquanto
se canta o Mantra: Om Namah Shivaya continuamente.
Oferendas de folhas de Bael são feitas para o Lingam.
As folhas de Bael são muito sagradas, e é dito que
Laskshmi mora dentro delas.
Hinos em louvor ao Senhor Shiva, como o Shiva Mahimna
Stotra do Pushpadanta ou Ravana Shiva Tandava
Stotra são cantados com grande fervor e devoção.
As pessoas repetem o Panchakshara Mantra: Om Namah
Shivaya. Aquele que entoa os Nomes de Shiva
durante o Shivaratri, com perfeita devoção e concentração,
fica livre de todo os pecados; ele alcança a
morada de Shiva, e viverá feliz lá. Ele será liberado da
roda de nascimentos e mortes. Muitos peregrinos afluem
aos locais onde estão os templos de Shiva nesta
data.
2-A história do Rei Chitrabhanu
No Shakti Parva do Mahabharata, Bhishma, enquanto
descansava na cama de flechas, e discursava sobre o
Dharma, fez referências à observância do Maha Shivaratri
do Rei Chitrabhanu. A história é dada a seguir:
Houve uma vez um rei chamado Chitrabhanu, da dinastia
de Ikshvaku, que controlava todo o Jambudvipa,
observando jejum com sua esposa, no dia de Maha
Shivaratri. O sábio Asktavakra veio visitar o corte do
rei.
O sábio perguntou, “Ó rei! Porque vocês estão observando
jejum hoje?”
O Rei Chitrabhanu explicou o porque. Ele teve a graça
de lembrar-se de um incidente acontecido na sua vida
anterior.
O rei disse ao sábio: “Na minha vida passada eu fui um
caçador em Varanasi. Meu nome era Suswara. Meu
meio de vida era matar, e vender os pássaros e animais
cassados. Um dia, eu estava vagueando pela floresta,
na procura de animais. Eu fui pego pela escuridão da
noite. Incapaz de retornar para a casa, eu escalei uma
árvore em busca de abrigo. E aconteceu que eu escolhi
uma árvore de Bael. Eu acertei num veado naquele dia,
mas não tive tempo de levá-lo para casa. Eu o empacotei
e o amarrei no alto de um ramo de uma árvore.
Como eu fui atormentado pela sede e pela fome, eu
fiquei acordado à noite toda. Eu derramei profundas
lágrimas quando em pensei na minha pobre esposa e
filho, que, ansiosamente, morriam de fome esperando
pelo meu retorno. No decorrer da noite, no passar do
tempo, eu me ocupei em arrancar folhas da árvore de
Bael e deixá-las cair no chão.
O dia amanheceu. Eu retornei para a casa e vendi o
veado. Eu comprei algum alimento para mim mesmo, e
para minha família. Eu estava pronto para quebrar o
meu jejum, quando um estranho veio até a mim, pedindo
por comida. Eu servi a ele primeiramente, e,
então, tomei a minha comida.
Na hora da morte, eu vi dois mensageiros do Senhor
Shiva. Eles tinham sido enviados para conduzir a minha
alma para a morada do Senhor Shiva. Eu aprendi,
então, pela primeira vez, o grande mérito que eu adquiri
pela adoração inconsciente do Senhor Shiva, durante
a noite de Shivaratri. Eles me disseram que havia um
Lingam debaixo da árvore. Minhas lágrimas, as quais
eu derramei por pura tristeza por minha família, descerem
para o Lingam e o lavaram. E eu fiz jejum naquela
noite toda. Deste modo, eu adorei inconscientemente o
Senhor.

“Eu vivi na morada no Senhor e regozijei-me com
divinas bênçãos por longas eras. Eu sou agora nascido
como Chitrabhanu”.

3. O Significado Espiritual do Ritual
As Escrituras registram o seguinte diálogo entre Sastri
e Atmanathan, dado no significado no interior da história
a seguir:
Sastri: Isto é uma alegoria. Os animais silvestres que o
caçador cassava eram a luxúria, a ira, a ambição (avareza),
a cega paixão, a inveja e o ódio. A selva é a quádrupla
mente, que consiste em mente subconsciente, o
intelecto, o ego e a mente consciente. É na mente que
“estes animais” andar a ermo livremente. Eles precisam
ser mortos. Nosso caçador os persegue porque ele
é um Yogi. Se você quer ser realmente um Yogi, você
deve conquistar estas más tendências. Você se lembra
do nome do caçador desta história?
Atmanathan: Sim, ele chamava-se de Suswara.
Sastri: Está certo. Este nome significa “melodioso”. O
caçador possui uma voz melodiosa. Se uma pessoa
pratica o Yama e Niyama, e está sempre controlando
as suas más tendências, ela irá desenvolver certas marcas
externas de um Yogi. A primeira marca é a leveza
do corpo, saúde, estabilidade, semblante transparente,
e uma voz agradável. Este estágio é dito com detalhes
no Swetaswatara Upanhishad. O caçador ou o Yogi
deve praticar Yoga por muitos anos, e alcançar o primeiro
estágio. Assim lhe é dado o nome de Suswara.
Você se lembra do lugar onde ele nasceu?
Atmanathan: Sim, seu lugar de nascimento foi Varanasi.
Sastri: Agora, os Yogis chamam o Ajña Chakra pelo
nome de Varanasi. Este é o ponto que está localizado
entre as duas sobrancelhas. Ele é considerado como o
local onde os três nervos correntes (Nadis) se encontram,
chamados de Ida, Pingala e Sushumna. Um aspirante
é instruído a concentrar-se neste ponto. Ele o
auxilia a controlar seus desejos e más qualidades, como
a ira e o resto. Nisto ele recebe uma visão da Luz
Divina interior.
Atmanathan: Muito interessante! Mas como você explica
a escalada na árvore Bael e todos os outros detalhes
de adoração?
Sastri: Você á observou bem uma folha de Bael?
Atmanathan: Ela têm três folhas num caule.
Sastri: Verdade. Estas três representam a coluna espinal.
As folhas são tríplices. Elas representam Ida, Pingala
e Sushumna Nadis, as quais são regiões para a
atividade da lua, do sol e do fogo respectivamente, ou
as quais podem ser pensadas como os três olhos do
Senhor Shiva. A escalada da árvore tem a intenção de
representar a ascenção da Kundalini Shakti, o poder
serpentidno, que adormece no centro chamado de Muladhara,
até o Ajña Chakra. Que é um trabalho do Yogi.
Atmanathan: Sim, eu tenho escutado que Kundalini, e
dos vários centros psíquicos no corpo. Por favor, vá
adiante; eu estou muito interessado em conhecer mais.
Sastri: Bom. O Yogi (caçador) ficou num estado desperto,
quando inicia sua meditação. Ele embrulhava os
pássaros e os outros animais que havia morto, amarrandoos
num ramo de árvore, e descansava nela. Isto
significa a plena conquista dos seus pensamentos, tornando-
os inativos. Ele fez isto através dos passos do
Yama, Niyama, Pratyahara, etc. Na árvore ele praticou
meditação e concentração. Quando ele sentiu sono,
isso significa que ele estava a ponto de perder a consciência,
e cair num sono profundo. Então, ele determinou-
se a manter-se desperto.
Atmanathan: Isso agora está claro para mim; com certeza,
você explicou-me isso muito bem. Mas por que
ele chorou por sua esposa e filho?
Sastri: Sua esposa e filho são nada mais do que o mundo.
Aquele que procura a Graça de Deus deve tornar-se
uma materialização do amor. Ele precisa abraçar uma
religião com simpatia. O derrame de suas lágrimas é o
símbolo do seu amor universal. No Yoga, também, não
se pode ter iluminação sem a Graça Divina. Sem a
prática universal do amor, ninguém poderá conseguir
aquela Graça. Devemos perceber o nosso próprio Ser
em toda a parte. O estágio preliminar é o da identificação
da sua própria mente com as mentes de todos os
seres criados. Esse acontecimento ocorre somente no
estágio do Samadhi, não antes.
Atmanathan: Por que ele arrancou e soltou as folhas de
Bael?
Sastri: Isto é mencionado na história apenas para mostrar
que ele não tinha pensamentos estranhos. Ele não
estava sempre consciente do que estava fazendo. Todas
as suas atividades estavam delimitadas aos três Nadis.
As folhas, como já disse antes, representam os três
Nadis. Ele teve, de fato, um segundo estágio, chamado
de estado de sonho, antes de passar para o estado de
sono profundo.
Atmanathan: Ele manteve-se em vigília a noite toda,
isso é dito.
Sastri: Sim, o que significa que ele passou, sucessivamente,
através do estado de sono profundo. O amanhecer
do dia simboliza a entrada dentro do quarto estado,
chamado de Turiya, ou superconsciência.

Atmanathan: É dito que ele desceu, e viu o Lingam. O
que isso significa?
Sastri: Isso significa que no estado de Turiya, ele viu o
Shiva Lingam ou a marca de Shiva, na forma de uma
luz interna. Em outras palavras, ele teve a visão do
Senhor. O que foi uma indicação de que ele realizaria a
suprema e eterna morada do Senhor Shiva, no curso do
tempo.
Atmanathan: Assim, isso dá a impressão de que você
diz que este sinal de luzes não é o estágio final?
Sastri: Ó não! Isto é apenas um passo, embora difícil
para alguém. Agora pense em como a história continua.
Ele vai para a casa e encontra um estranho. Um estranho
é alguém que você não viu antes. O estranho
não é outra coisa senão o caçador em si mesmo seu
caçador, transformado em uma nova pessoa. O alimento
foi o gosto e o desgosto com o qual ele matou na
noite anterior. Mas ele não consumiu todo ele. Uma
pequena tranqüilidade permaneceu. Isto é o por que ele
teve renascido como o Rei Chitrabhanu. Indo para o
mundo de Shiva (Salokya), não impede isto. Há outros
estágios além de Salokya. Estes são: Samipya, Sarupya,
e, finalmente, Sayujya. Você não escutou isso de
Jaya e Vijaya, retornando de Vaikunta?
4. A promessa do Senhor Shiva
Quando a criação foi completada, Shiva e Parvati vieram
viver no topo do Monte Kailas. Parvati perguntou:
“Ó venerável Senhor! Quais, entre os muitos rituais
observados em Vossa honra, mais Vos satisfaz?” O
Senhor Shiva respondeu: “A 14ª noite da lua nova, na
quinzena escura, do mês de Phalgun, é o meu dia mais
favorito. Ele é conhecido como Shivaratri. Meus devotos
dão-me grande felicidade simplesmente por jejuarem,
do que pelo cerimonial de banhos, ofertas de flores,
e doces incensos.
O devotos observam estrita disciplina espiritual no dia
de adoração a Mim, em quatro diferentes formas, durante
quatro períodos de cada três horas na noite. A
oferenda de algumas folhas de Bael é muito preciosa
para Mim, mais do que jóias e flores. Meus devotos
banham-Me no leite no primeiro período, em coalhada
no segundo, e com manteiga clarificada no terceiro, e
com mel no último e final período. Na manhã seguinte,
eles devem alimentar os Brahmins por primeiro, e após
a realização das cerimônias prescritas, eles podem
quebrar o jejum. Ó Parvati! Não há ritual o qual possa
ser comparado com esta simples rotina na santidade.”
Parvati ficou profundamente impressionada pelas palavras
do Senhor Shiva. Ela repetiu isso para Seus
amigos, que a seu turno, passaram para os governantes
sobre a Terra. Assim foi a difusão do Shivaratri por
todo o mundo.
Atmanathan: Sim, eu entendi agora.

Comemoração do Ashrama
As duas grandes forças naturais que afligem o homem
são Rajas (a qualidade de atividade da paixão), e Tamas
(que é a inércia). O Shivaratri Vrata visa o perfeito
controle destas duas. O dia inteiro é gasto aos pés do
Senhor. A adoração contínua do Senhor necessita dos
devotos constante presença no lugar de adoração. O
movimento é controlado. Maldades como luxúria, ira e
inveja, nascidas de Rajas, são ignoradas e dominadas.
Os devotos observam vigília através da noite e assim
conquistam Tamas, também. A constante vigilância é
imposta na mente. A cada três horas uma volta ao redor
do Shiva Lingam é feita. Shivaratri é um perfeito
Vrata.
A forma de adoração consiste em banhar o Senhor. O
Senhor Shiva é considerado como sendo a forma de
Luz (a qual é representada pelo Shiva Lingam). Ele é
aceso com o fogo da austeridade. Ele é, portanto, acalmado,
com o fresco banho. Durante os banho do
Lingam, os devotos oram: “Ó Senhor! Eu irei banhar a
Vós com água, leite, e mel. Sejais gentil banhando-me
com o leite do conhecimento. Sejais gentil limpando-me
de todos os meus pecados, assim que o fogo do
materialismo, o qual é queimado, possa me colocar
fora dele de uma vez por todas, e que eu seja uno Contigo
por um segundo”.
No Ashrama de Shivananda, Rishikesk, o festival de
Shivaratri é celebrado da seguinte maneira:
1. Todos os aspirantes espirituais jejuam o dia todo,
muitos deles, sem mesmo beber uma simples gota
d’água;
2. Um grande Yajna é realizado para a paz e o bem estar
de todos;
3. O dia todo e destinado a fazer Japa do Mantra Om
Namah Shivaya, e para a meditação no Senhor;
4. Na noite, toda a assembléia no templo cantam Om
Namah Shivaya, durante toda a noite;
5. Durante os quatro períodos da noite, o Shiva Lingam
é adorado com intensa devoção;
6. Sannyas Diksha é dado neste dia para os buscadores
sinceros do caminho.
6. Orações para o Senhor Siva
Se oferece adoração interna ao Senhor Shiva dizendo:
“Eu adoro a jóia do meu Ser, o Shiva que reside no
lótus de meu coração. Eu O banho com a água da minha
mente pura, trazida pelo rio da fé e da devoção. Eu
O adoro com as flores cheirosas do Samadhi pleno,
para que eu não volte a nascer novamente neste mundo”.
Há outra oração para a adoração suprema ao Senhor:
“Ó Shiva! Vós sois o meu Ser. Minha mente é Parvati.
Meus Pranas são Vossos servos. Meu corpo a Vossa
casa. Minhas ações neste mundo são adoração para
Vós. Meu sono é Samadhi. Minha caminhada é a circumambulação
de Vós. Minha fala é Vossa oração.
Assim eu ofereço tudo o que eu sou para Vós”.
Hari Om Tat Sat


Swami Sivananda

Tradução para o Português de

SOCIEDADE INTERNACIONAL GITA DO BRASIL
SANATANA DHARMA BRASIL
GITA ASHRAMA
1997-2007

sábado, 21 de janeiro de 2012

Jala Neti



Há várias formas de limpeza para o nosso corpo. Jala Neti é uma das técnicas indianas, que visa na limpeza da narina através da condução de água na cavidade nasal, que é muito usada quem pratica yoga.
Essa limpeza estimula os olhos, melhorando a visão. Pode parecer incômodo, mas essa impressão se desfaz após a primeira tentativa.
Para essa limpeza nasal é necessário um Lota ( parecido com um pequeno bule que obtém um bico apropriado para inserir nas narinas ).
Pela manhã ao acordar, é o melhor horário para se fazer. Nunca fazer antes de dormir, pois se ficar um pouco de água na cavidade nasal, poderá ir para o ouvido, quando estiver deitado.

Misture 1 colher (chá) sal em 1/2 litro de água morna.
Ponha a solução no lota e introduza o bico em uma das narinas.
Tombe a cabeça para a frente e para o lado, e com respiração leve pela boca, deixe que a água flua de uma narina à outra. Assoe de leve e repita pela outra narina.


Efeitos:
- Elimina o excesso de muco e resíduos da poluição.
- Previne e atenua doenças respiratórias como alergias, resfriados, sinusites e reinites.
- Atua sobre olhos, ouvidos e garganta.
- Ativa o ájña chakra, o centro energética entre as sobrancelhas, que é responsável pela intuição e meditação.

Cuidados:
-Não faça o Jala Neti se as narinas estiverem completamente bloqueadas, quando houver sangramento ou hemorragia nas narinas.
-Se der vontade de espirrar, veja se a temperatura da água está adequada
Se sentir ardor nas narinas, procure ajustar melhor a quantidade de sal, aumentando ou diminuindo.
-Se sentir que as narinas ressecam com o sal, diminua a quantidade de sal ou passe um pouco ou passe um pouco de azeite por dentro ajuda a proteger as mucosas.